Muitas vezes acusadas de demora para atender as transformações de mercado nos currículos dos cursos, as universidades brasileiras estão conseguindo acompanhar o crescimento das fontes renováveis, como a eólica, dando uma resposta rápida nos conteúdos das graduações.
“Universidades têm sido ágeis, buscando se manter atualizadas para atender as demandas do mercado”, explica Bruno Carmo, Professor titular do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP, que participou de painel no Brazil Windpower na última quinta-feira, 25 de outubro.
De acordo com ele, a parte de criação de disciplinas muitas vezes está ligada a pesquisa. Com os recursos do Programa de P&D da Aneel, os olhares se voltaram para eólica, já que havia um grande interesse e muitos alunos iam trabalhar no setor.
As escolas detectaram a demanda e professores começaram a desenvolver disciplinas para os currículos. “A universidade está ficando cada vez mais ciente do seu papel de acompanhar de perto esse desenvolvimento”, observa.
A Poli USP tem o curso de graduação de Engenharia Elétrica com ênfase em Energia e Automação e Engenharia Ambiental. Disciplinas como Energias Renováveis, Engenharia de Energia Eólica e Energia Renovável do Oceano são oferecidas aos alunos. Aa fontes solar e biomassa também aparecem nos currículos. Muitas universidade privadas lançaram nos últimos anos cursos de extensão e pós-graduações em energia eólica e fontes limpas.
Na região Nordeste, onde estão a maioria das usinas de energia renovável, as universidades também têm acompanhado o mercado. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte é uma das referências na área de eólica. A unidade do Ceará do Instituto Tecnológica a da Aeronáutica, que deverá iniciar as atividades em 2027, contará com o curso de Engenharia de Energia. Segundo o ITA, o foco será em renováveis e soluções para a transição energética. A graduação irá capacitar os estudantes a modelarem e gerenciar sistemas energéticos, abrangendo a cadeia de suprimento de energia. Os alunos também desenvolverão soluções para a transição energética, com foco em renováveis e mobilidade sustentável.
As novas diretrizes curriculares nacionais, que já estão em vigor, também podem aproximar mais a universidade e o mercado. Há uma exigência que um percentual dos créditos da graduação seja de extensão. “É um esforço para tentar levar um pouco mais a contribuição da universidade para fora dos seus muros”, avisa o professor da USP.
A universidade paulista atuou em um projeto de pesquisa em parceria com a Petrobras de uma eólica flutuante que supriria a energia de plataformas de óleo e gás. Um cenário supriria diretamente o equipamento subsea e o outro levaria energia para plataforma de processamento